Cidade da música, dos artistas e da arte: Salvador!
Conheça Manoel Pereira Gomes, artista do Pelourinho que há mais de 15 anos está encantando a todos com seu talento pelas ruas do Centro Histórico de Salvador.
Rosana Carneiro
13.05.2024
Que Salvador é uma cidade rica de cultura e de grandes artistas muitos já sabem, mas além dos artistas que ganharam o mundo, como Lázaro Ramos, Caetano Veloso e Ivete Sangalo, é necessário ter os olhos voltados para os artistas locais, que faz da capital um local mais colorido e cheio de vida através de suas artes pelas ruas da cidade.
Sem dúvidas um dos pontos mais procurados para passear entre turistas e moradores, é o Centro Histórico da cidade, que traz consigo uma história de força e resistência.
Por isso, hoje, você vai conhecer a história de um pequeno grande artista do Pelourinho (Pelô, para os íntimos), Manoel Pereira Gomes, mais conhecido como Saw CG, como assina suas obras.
Manoel Pereira Gomes (foto: Lucas Maurício)
Manoel contou que conheceu o Pelourinho ainda criança, com apenas 5 anos de idade, junto com seu pai. Ao brincar nas ruas coloridas, carregadas de arte, Manoel menciona que se sentiu atraído pelos desenhos, e desde então, começou a se interessar e a se dedicar nos traços.
Começou se arriscando fazendo desenhos em quadrinhos, e na escola fazia sucesso entre os colegas, que o pediam para desenhar. Fazia os desenhos sem receber nada em troca, e sim porque gostava. Mas aos poucos, quando lhe pediam algum desenho específico, percebeu que poderia viver de sua arte. Ainda na escola, Manoel conta que começou a fazer trabalhos mais elaborados inspirados nos desenhos da Disney, como retratos, hiper-realismo, pintura moderna e abstratos.
Em 1985, ele se inscreveu em um curso na Escola de Belas Artes, onde conheceu o pintor e desenhista Leonardo de Alencar com o objetivo de aprimorar seu talento, mas diz que foi praticamente expulso.
- O que eu sabia tava acima do que o curso tava oferecendo, aí eu praticamente fui expulso na Escola de Belas Artes, porque o que eu fazia não tinha mais nada a ver com o pessoal naquela época que estava tomando curso. Ai o reitor na época me chamou, praticamente me botou pra fora da escola. E aconteceu de eu ficar zangado na época, mas ali foi um bom incentivo pra mim, porque ele falou que eu não precisava, que lá não tinha nada pra me ensinar, que eu já era um profissional, tinha que sair pra rua para ganhar meu dinheiro, fazer minha carreira, e assim eu fiz.
Pouco após esse acontecimento, Manoel foi morar no Rio de Janeiro, onde seguiu trabalhando com a pintura. Em 2005 retornou a Salvador e se instalou no espaço que está até hoje, localizado na Rua Alfredo De Brito, no Pelourinho.
Com sua beleza encantadora, Salvador atrai milhões de turistas, e claro, não se pode conhecer a cidade sem passar pelo bairro em que muitos se apaixonam por sua cultura, o Pelourinho. Ao relatar sua relação com os turistas, Saw CG diz acreditar ter suas obras em quase todos os países, pois o público que vem de fora gosta de suas obras e acaba comprando para levar como lembrança.
Apesar da alegria e paixão com o que trabalha, o artista ressalta também as dificuldades de se viver da arte.
- Agora viver de arte é muito difícil, porque na verdade os pintores que moram aqui no Pelourinho só pintam na ínfima , a maioria deles só pinta na ínfima. E pra viver só de ínfima não dá. E aí me preparei pra fazer tudo o que aparece pra fazer aqui, outros pintores não vai, eu venho e faço. Mas é muito difícil viver de arte.
ínfima - escasso, insignificante, insuficiente.
Ao falar sobre de onde vem sua maior inspiração, Manoel fala de sua mãe, e conta que ela gostava de pinturas europeias e comprava os quadros para enfeitar a casa, como ele mesmo descreveu ela tinha um lado artístico que ela nem sabia que tinha.
- Minha principal inspiração vem de minha mãe, porque minha mãe já era artesã, e ela enchia a casa daqueles quadros, que era retrato de grandes artes, grandes pinturas e vendia. Naquela época, de 1970, vendia esses quadros por aí, e minha mãe comprava. Enchia a casa de quadro, até no banheiro tinha quadro! Em qualquer lugar. Eu cresci vendo aqueles quadros, eu dizia assim mesmo "ah, eu faço isso!". Ela comprava aquele trabalho e deixava lá dentro de casa, e eu olhava aquilo e achava bonito aquele trabalho, perdia tempo olhando aquilo e comecei a desenhar aquelas fotografias. E ali fui treinando. Quem me conhece sabe, desde criança eu tinha essa inclinação.
Do Pelourinho, para o mundo
Contando sobre como sua arte vem ganhando o mundo, Manoel diz que isso se dá pelo fato de que as pessoas que vem de outros estados e países fotografam o seu trabalho e publicam na internet. Mas falando de si próprio, assume que não faz muito uso das redes sociais porque tem uma certa dificuldade, por ser de uma geração diferente.
- Porque na verdade o pessoal, o baiano em si, ele não compra a arte do Pelourinho. Quem compra mais arte do Pelourinho são os turistas, porque eles veem pra cá e querem levar uma lembrança da Bahia, entendeu? E o pessoal daqui, se você observar, as pessoas aqui de salvador nascem, crescem, reproduz, tem seus filhos, envelhece e nunca vem no Pelourinho.
Pintura feita por Manoel Pereira Gomes, o Saw CG (foto: Lucas Maurício)
Salvador é assim, carrega histórias em cada rua da cidade. Traz em cada história vivências inspiradoras e muita alegria, mesmo em meio às dificuldades do dia a dia.
Permita-se conhecer essa cidade linda e todas as suas cores contadas através da vida de cada pessoa que vive o dia a dia na beleza e correria desta cidade.
E para quem não conhece Salvador, chegue mais! Venha curtir a energia e conhecer as belezas, artes e artistas da Capital da Bahia.
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